O projecto consiste na transformação de um edifício habitacional, do início do século XX para hotel.
Entre o desejo de ruptura e a tendência de cópia, duas possibilidades de transformação do edifício, escolhemos o mote: Antigo é Novo e Novo é Antigo. Este princípio acolhe duas análises simétricas: os elementos arquitectónicos originais podem ser lidos como antigos ou novos, dependendo da relação estabelecida com os elementos introduzidos pela intervenção presente — e vice-versa.
A interlocução temporal exprime-se por meio de tensões visuais, o fechamento das paredes de vãos de janela existentes com chapas metálicas perfuradas, ou o recorte de novas aberturas por meio de simples caixas que interceptam de forma assimétrica os vãos emoldurados originais. O resultado fixa uma composição inesperada e ambígua: os novos vãos e desalinhamentos rompem com a banalidade do modelo inicial e desafiam a leitura imediata de cada piso celebrando uma diferente ordem criativa.
A reinvenção do edifício abre diálogo a explorar a tensão entre temporalidades, novo e antigo. A pretendida transgressão é uma reflexão crítica, uma alternativa possível de entrelaçar a contemporaneidade na arquitectura da cidade antiga, sem recusar o passado nem desfigurar o seu contexto urbano.
Cliente: Metroway
Localização: Rua Palmira, Lisboa
Data: 2018 - 2024
Área de Construção: 860 m2
Fotografia: Ricardo Oliveira Dias | Eduardo Montenegro